sexta-feira, 16 de maio de 2008

Ética e responsabilidade pra escanteio

Desde o início do século XX com o caso Welles, até os dias de hoje com a falta de imparcialidade dos programas esportivos ao abordar assuntos ligados aos dois times de maior torcida no Brasil, a imprensa - escrita, televisiva e radiofônica - tem sido assombrada pela falta de responsabilidade e ética de uma parcela de seus supostos profissionais.

Responsabilidade e ética, palavras com significados fáceis de serem achadas no dicionário - “obrigação de responder por atos próprios ou alheios ou por alguma coisa que lhe foi confiada” e “conjunto de regras de comportamento consideradas como universalmente válidas” respectivamente – mas não tão fáceis de serem encontradas na vida de um jornalista.

No rádio, o episódio conhecido como “caso Welles”, conseguiu levar 1,2 milhão de americanos à loucura, tudo porque, no ano de 1938, o grupo de Teatro Mercury, liderado por Orson Welles, resolveu fazer uma pegadinha, nem um pouco inocente, com a população dos Estados Unidos: uma guerra entre terráqueos e marcianos travada aqui, na Terra. Tudo não passava de uma novelização radiofônica de “A Guerra dos Mundos”, do escritor inglês H.G. Wells. Seria uma novelização como todas as outras, a não ser pelo fato de que tinha a intenção de fazer com que as pessoas acreditassem que estava mesmo acontecendo uma invasão alienígena. A falta de responsabilidade nesse caso fez com que boa parte da população americana entrasse em desespero.

Na imprensa escrita a história de Stephen Glass, jornalista da revista americana The New Republic, virou filme. O jovem, falante, engraçado e persuasivo escreveu 41 artigos para a revista de bordo do avião do presidente dos Estados Unidos, 27 eram falsos. A farsa durou até que um repórter da revistas concorrente, espantado com tanta criatividade, resolveu checar os dados de um de seus artigos e não encontrou nada. Após investigações descobriu-se que Stephen era uma grande farsa.

Hoje, a imprensa esportiva em geral, abrange temas relacionados apenas aos clubes de maior expressão, maior torcida. Seja por dinheiro, seja por audiência. Um fato bastante curioso foi o ocorrido no ano de 2005 onde o Sport Clube Corinthians Paulista foi direta e indiretamente favorecido dentro e fora de campo, com a "máfia do apito" e a conseqüente anulação de jogos, dos quais alguns o time paulista não havia pontuado. Refeito os jogos, o alvinegro saiu com quatro pontos a mais em relação ao pré-escândalo. Ainda houve a fatídica partida contra o Internacional de Porto Alegre, em que o time gaúcho foi nitidamente prejudicado diante da arbitragem.

O Corinthians se sagrou campeão brasileiro daquele ano, um título, que segundo muitos foi roubado. Apesar dessa série de acontecimentos, alguns jornalistas julgaram o campeonato legítimo e não fraudulento o que agradou a segunda maior torcida do Brasil, mas para muitos, isso não passa de uma opinião parcial, o que fere um dos princípios básicos da ética jornalística: a imparcialidade.

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